quinta-feira, 22 de maio de 2008

Texto no 3ª Jogo das 12 Palavras

Este o selo do 3º Jogo das 12 Palavras no Eremitério e nele, inscritas, as 12 palavras de uso obrigatório na composição dos textos. Abaixo o texto que enviei. As 12 palavras surgem a negrito.
AVISO - se alguém quiser participar o jogo está em aberto. passem por lá e enviem e-mail ao Eremita.

Luz

Na luz da manhã a criança vê a luminosa silhueta da mãe, tal suave pluma, leve pena, dobrar-se sobre os canteiros, afastar e colher ervas daninhas que abafam as cintilantes flores que sob as gotas do matinal orvalho semelhando viva, colorida e mágica tapeçaria animada por pirilampos.Na sua inocência e pureza a criança só capta o amor que sente irradiar, vibrando forte no ar, entre ambos, bem como entre a mãe e aquele pequeno universo de cores e odores.Desconhece ainda a vulnerabilidade da vida humana pelo que não reconhece a vulnerabilidade da mãe, de onde, pouco depois, a vida se esvaziou.
Hoje, homem feito, o Juiz Conselheiro, regressa ao temp(l)o do jardim, ao temp(l)o da pureza e do amor incondicional que lhe foi ar, pão, leite, água…Tudo.
Busca força, reúne energias para, com sentido de justiça, lidar com a sistemática obstrução em que as meias verdades têm enredado o processo e as mentiras o têm inquinado…O processo sobre aquela violenta e feroz morte de que o homicida se ri e vangloria, transformado o monstro numa exponente figura dos mídia, dando entrevistas em tudo o que é jornal e revistas, aparecendo a toda a hora nos vários canais de televisão enquanto a vítima, retalhada, caiu no esquecimento das gentes, no circo em que a vida se transformou.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

a dor da adaptação ao vosso mundo

Humanos, a adaptação ao vosso mundo, que é agora o meu, tem sido muito dolorosa. No mundo marinho onde nasci e vivo/vivi (há) muitas vidas - comparativamente com as vossas, com o tempo médio de vida de um humano – não existe mentira entre nós, nem traição, intriga, hipocrisia, competição desenfreada em que "jogam sujo" ( a expressão é vossa) para chegarem onde querem. Ou sonham…
Tudo isto tem tornado este tempo de minha vida, enquanto humana, difícil.
Dolorosa como não julgava possível.

Os conceitos de mentira, hipocrisia e toda a panóplia que vem agregada, eram-me estranhos e se racionalmente hoje percebo a sua existência continuo a não perceber a sua necessidade.
Antes vejo como tais práticas tornam miseráveis e tristes vossas vidas, sendo vocês os agentes de todo esse mal que auto-infligem julgando-se espertos, mais inteligentes ou poderosos – sim porque no fundo tudo gira em torno de uma parcela de algo que vocês chamam PODER!
Aquilo que denominam solidariedade, no meu mundo marinho não necessita nome.
Faz parte da nossa relação, de nossas vidas.
Quase automática porque não podemos sequer imaginar que alguém sofra ou passe necessidades.

É uma responsabilidade colectiva e, ao longo dos séculos, não há memória de um qualquer rebelde agir de modo contrário.

A mentira não faz parte de nossa vidas. Claro que discordamos mas "discutimos=debatemos" racionalmente dado sermos seres racionais. Como de vós se diz...
E com tudo isto a dor amarfanhava-me e não tinha disponibilidade, melhor, capacidade, para mais interacção com humanos, mesmo que virtualmente, pois acabava o dia muito ferida e tudo o que ansiava era distanciar-me.
Curar as feridas interiores e... tentar entender-vos.

Tenho lido muito sobre as vossas psicologia e sociologia. Também da vossa história.
E, com tristeza, encontro estes vícios relatados desde o início dos vossos tempos .

Num dos vossos livros sagrados, a Bíblia, encontrei uma personagem cujo modo de ser, estar e viver é semelhante ao nosso.

A figura do vosso Jesus que vejo em cruzes, não só nas igrejas como em muitas ruas. E claro, foi crucificado por todos vós. E há muitas formas de "crucificar" sem cruz nem pregos…

Já delas falei acima e são todas as vossas práticas de enganos.