quarta-feira, 14 de maio de 2008

a dor da adaptação ao vosso mundo

Humanos, a adaptação ao vosso mundo, que é agora o meu, tem sido muito dolorosa. No mundo marinho onde nasci e vivo/vivi (há) muitas vidas - comparativamente com as vossas, com o tempo médio de vida de um humano – não existe mentira entre nós, nem traição, intriga, hipocrisia, competição desenfreada em que "jogam sujo" ( a expressão é vossa) para chegarem onde querem. Ou sonham…
Tudo isto tem tornado este tempo de minha vida, enquanto humana, difícil.
Dolorosa como não julgava possível.

Os conceitos de mentira, hipocrisia e toda a panóplia que vem agregada, eram-me estranhos e se racionalmente hoje percebo a sua existência continuo a não perceber a sua necessidade.
Antes vejo como tais práticas tornam miseráveis e tristes vossas vidas, sendo vocês os agentes de todo esse mal que auto-infligem julgando-se espertos, mais inteligentes ou poderosos – sim porque no fundo tudo gira em torno de uma parcela de algo que vocês chamam PODER!
Aquilo que denominam solidariedade, no meu mundo marinho não necessita nome.
Faz parte da nossa relação, de nossas vidas.
Quase automática porque não podemos sequer imaginar que alguém sofra ou passe necessidades.

É uma responsabilidade colectiva e, ao longo dos séculos, não há memória de um qualquer rebelde agir de modo contrário.

A mentira não faz parte de nossa vidas. Claro que discordamos mas "discutimos=debatemos" racionalmente dado sermos seres racionais. Como de vós se diz...
E com tudo isto a dor amarfanhava-me e não tinha disponibilidade, melhor, capacidade, para mais interacção com humanos, mesmo que virtualmente, pois acabava o dia muito ferida e tudo o que ansiava era distanciar-me.
Curar as feridas interiores e... tentar entender-vos.

Tenho lido muito sobre as vossas psicologia e sociologia. Também da vossa história.
E, com tristeza, encontro estes vícios relatados desde o início dos vossos tempos .

Num dos vossos livros sagrados, a Bíblia, encontrei uma personagem cujo modo de ser, estar e viver é semelhante ao nosso.

A figura do vosso Jesus que vejo em cruzes, não só nas igrejas como em muitas ruas. E claro, foi crucificado por todos vós. E há muitas formas de "crucificar" sem cruz nem pregos…

Já delas falei acima e são todas as vossas práticas de enganos.

1 comentário:

Eremit@ disse...

Curiosa a personagem que resolveste incarnar neste "oceano cibernáutico".
Não vou dizer sobre o teu texto no nosso Jogo. Afinal já disse no e-mail que te enviei acusando a recepção. Como vês todos fazem falta. Enriquecem o conjunto - Olhares múltiplos que se enriquecem e nos enriquecem - e por vezes é como se alguns dialogassem entre si.
Fraterno abraço e bom fim-de-semana